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4 de maio de 2006

Vicissitudes (parte 2)

Depressão. Alma com noventa graus de inclinação a idéias de findar-se propositadamente. Carina era jovem demais para ter agudo o banquete de sentimentos disponíveis à condição humana. Quando era alegre, era a potência de todos os apetrechos que nos remetem à felicidade... Quando era triste, era o coquetel de enfermo e a aura de um hospital emperiquitado por todas as estirpes de doença.
Comunicou à mãe do sofrimento sem remetentes. Chorou. Pensou no “dexistir” de Virginia, de Ana Cristina. Fincava todas as suas esperanças no dessentido do Mundo. Como a narradora é redundante. Ou são as vidas que se coincidem? Ou são os mundos que se correspondem?
A mãe, preocupadíssima com a agressividade que encarapuçou toda a doçura de Carina, levou-a ao médico. Um cacho de remédios... Pazes com o relógio. Hora certa a tudo. Tomar remédio antes de... Depois de... Entre... No final da... No início de...
A menina, temida com as seqüelas das alopatias, optou pelo tratamento com homeopatia. Se houve efeitos, todo o corpo esteve cego, frígido. Lutou... Apelou para religiões... Manteve contatos desesperadores com deuses... ... ... ... ... Passaram-se seis meses e, morando em condomínio de horrores, Carina decidiu apelar para alopatias. Voltou o esquema esboçado e sugerido pelo homeopata. Remédio, remédio, remédio, remédio.
Ela agora está ressuscitando. Parece que voltou a encobrir o Mundo com seus devaneios e incrementar a ignorância com a arte de escrever.

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