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20 de maio de 2006

Sr. Pênis

ESTE TEXTO É DEDICADO A TODOS OS PÊNIS QUE ME SÃO CONTEMPORÂNEOS.
Ainda não o conheço pessoalmente. Seu semblante, sua aura, seu genuíno formato me são gringos. Sei de você através de um monte de mediações; daí dá para se saber somente a condição paralítica da sua vida, não é mesmo?
Esta minha ignorância de você ganha tanta repercussão. Enfiando a razão no balde de lógicas, sei por que é que isso acontece; é que, garotas da minha faixa etária já se entrosaram bem, muito bem, muitíssimo bem com o Sr. E eu não lhe sei. Fazem panfletos e panfletos da minha condição de celibatária, montam palanques para divulgar – explorando todos os sentidos alheios – a minha virgindade. Quanta polêmica tem minha pureza. É raro ser puro? É tesouro do Cosmos?
Refiro-me respeitosamente a você, chamando-o de “senhor”, porque, afinal, a gente não possui intimidade. E minhas instruções foram rígidas, ainda que válidas. Muito válidas. Potes de mel é que mantêm a minha união com meus pais.
Vejo-o em homenagens ao Detran: setas à direita, setas à esquerda... Vejo-o como um apêndice que demanda ser extirpado... Vejo-o com asco. Tenho um pouco de medo do senhor. Vidas possantes, geralmente, são temíveis, não é?!
O equipamento dos homens é o paradoxo do instrumento involuntariamente constrangido das mulheres. Ele (o falo) sugere poder, patrimônio tombado, eternidade. E ela (a vagina) é low profile, dissimulada... Tem vergonha de existir.
Um dia, peregrinando suavemente, falarei a você Falo. Sem pressas, sem avidez! Porque me inclino a sensibilidades; e sensações são secundárias nestas minhas dependências. Apesar de MUITO bem vindas.

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