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10 de maio de 2006

Pós – festa

A gente se entrosou legal no ínterim da festa. O som – ainda que não estivesse dos melhores – embalou minha morada, incrementou minha alma e me satisfez enfim. Satisfação fugaz. Como qualquer coisa boa da vida. Os meninos estavam encobertos pelas suas belezas inerentes e ajeitados com roupas que lhes garantiram um bônus de lindeza. Três a minha espera. A única fêmea. A única feminina. Adoro o Universo dos intitulados paradoxos, mas que são, na verdade, emendas triviais ao “estar-bem”.
Adoro estar com os meninos... Adoro Casas inacabadas por dentro ou casas que emanam propagandas enganosas também.
Dançamos. Muito. Sob um frio natural de não sei quantos graus, mas a gente se abanava de calor. Por que o corpo em movimento infringe o a bandeira levantada pelo frio? Biólogos e cientistas têm milhões de teses em defesa... É que com o movimento dos corpos há a síntese de uma substância que produz um efeito contrário à temperatura ambiente. Isso é chute. Não sei da explicação que eles dão a esse fenômeno. Não me simpatizo com as máximas dos cientistas e biólogos e afins. Cismam entender o mundo. Conseguiram detectar de que é feita a mistura o corpo humano: água, oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono, cloro, iodo, enxofre, fósforo. Mas e a água? E a os outros componentes? Eles vêm de onde? (Estou como criança chata: “Mas por quê?”). Batizam os artesanatos concluídos. Vai fazer a mistura de que eles se empombam ao falar. A receita, em seu processo lento, é de espantar... Culmina em uma miscelânea de não sei o quê. No Pós-Moderno poderia ser até nomeada de “arte moderna”. Para mim, no entanto, equivale a um lamaçal mecânico.
Dando uma pequena ré: voltemos à festa!
Uma senhorita, louca devido a monitorias de alopatias misturadas, enveredou a um dos meus amigos. Agarrou-o, beijava-o freneticamente, dançava como fêmea encarapuçando-se de iniciativas (naturalmente concedidas aos homens). Eu infrinjo a Natureza; e como! Foi uma dança voluptuosa... Que emanava libidos e libidos que pegavam fôlego em olhos alheios e se estendiam a todo corpo promovendo uma eletricidade enorme nos observadores da cena.
Isso foi o fato mais relevante da noite.
Mas o melhor da festa foi a pós-festa.
Todos os circos se concentraram no meu mundo interiorano: ri, ri como há muito não fazia.
Primeiro porque meus amigos decidiram estender a extravasada em uma lanchonete... Meus pezinhos, moribundos por conta dos passos de minhas danças desengonçadas e brutas, peregrinaram por boa parte da Avenida Rio Branco e ótima parte da Avenida Independência. Pelo itinerário... Surpresas. As surpresas já estão se tornando previsíveis à minha vida... Quando saio com meus amigos-amores, as surpresas são infalíveis. Ainda que eu possa prevê-las, não sei com que cara elas se apresentarão a mim. E é este o legal disso tudo.
Dessa vez houve duas surpresas.
Uma Kombi vinha relutando com seus trajes maltrapilhos pela Avenida Independência. Em seu interior havia cachos e cachos de bananas e pencas e pencas de crianças. As formas vitais estavam tão juntas que se confundiam. Confundiam-se tanto a ponto de um de meus amigos me perguntar: “Carol, aquilo é uma banana ou um menino?”. Agachei de rir. Ri com todos os pacotes de confete que estavam enclausurados em um dos meus armários internos. Depois, na contramão da nossa peregrinação, vinha vindo um senhor e, o meu amigo (o mesmo que hesitava quanto à identidade do objeto vital que estava dentro da Kombi) com uma musicalidade de seriedade irônica explanou: “Um bom dia para o senhor” e continuou dando passos normalmente, empertigados propositadamente. Eu, vendo a cena, mergulhei em meus confetes...
Foi carnaval! É isso que chamo de carnaval. A verdadeira alegria sem acréscimos de drogas, sexos e excessos. A alegria cósmica a que se pode chegar.

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