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31 de maio de 2006

Dia-a-dia do Sentimentalismo

Dia de sentimentalismo puro, sem interferências da razão, é bem noite, altamente noite, momento em que o Cosmos - com sua esponja ágil e imperceptível - nos isenta do mundo. As flores com que compartilhamos o dia, os pássaros que desvirginaram nossa ótica, as borboletas transeuntes que pousaram rapidamente sobre um ramo rígido ou tênue de flores, a claridade arquiteta que entra em meu quarto mostrando suas retidões, suas exatidões, seu talento em suma. Quando tudo isso é inibido pelas nossas ignorâncias, é a hora de o sentimentalismo existir de fato.
Nessa noite, ao me entregar plenamente à sonolência, minha alma sentiu a potência que o orgânico é capaz de sentir. Minha alma sentiu meu tio que não é mais posse deste Mundo – Rodoviária. Meu tio foi para o Mundo de que não se tem notícia; de que nunca se teve notícia. Mas sua alma, travestida com a indumentária que o acompanhou no ínterim da vida terrena, aproximou-se de mim. Aproximou-se e me fez um convite. E eu não raciocinava... Apenas sentia. Era um ser irracional, pleno de Natureza, sem revides a mim mesma. Apenas o sentia e me sentia. Sentíamos sob uma enorme, extensa, gigante, exacerbada, demasiada fluidez. Fluíamos feito uma existência inumana.
Pude provar do tira-gosto de não ser... Ou de ser mera inconsciência sendo vivida pelo Fatal. Andávamos felizes, integralmente felizes por um chão nunca visto por mim. Andávamos. Os sentimentos que emanavam de mim a ele em vida terrena estavam inteiros, sem erosões, sem craterazinhas sequer. Tive total contato com a plenitude.
Caso a morte seja mesmo plena, que permeie apenas os terrenos dos bons sentimentos. Porque uma tristeza em sua totalidade é digna de combates e, para fazê-lo é necessário haver intervenções de outros sentimentos. Que a plenitude eleja sempre as boas modas.
Acordei. E me vi perante a miscelânea entre consciente e inconsciente. Tudo bem... O por enquanto Utópico ainda me irá fisgar.

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