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28 de maio de 2006

Pseudo-estetas

Desde o tempo em que minha razão não era concentrada na peregrinação do Mundo, já sabia eu que, geralmente, quando alguma palavra tem como ancestral um pseudo é porque há algo a se condenar, há algo genérico, há algo pejorativo enfim. Ser esteta é complicado. Lidar com esteta, complicado e uns 87,12 % de complicação a mais. Estetas, respeito-os, mas, vocês aí em suas clausuras e eu em minhas clausuras.
Enquanto me preocupo em o que culmina a existência, um esteta preocupa-se com o talhe do salto alto da Sandy. Ambos estamos errados... Porque, ao invés de conduzirmos a vida como um sopro, sem janelas artificiais em que se apoiar, debruçamo-nos sobre uma sedução qualquer.
O decote que mais me sensibiliza é pensar no impalpável. O decote que atiça a curiosidade dos estetas pode vir em vários formatos: U, V, O. É, agora se usa o decote “O”... A roupa é toda séria e, de repente, nas dependências onde moram os bustos, abre-se um “O” enorme. Os bustos se rebelaram, neste ano de 2006, com a política que, até frescos momentos, era-lhes vigente. Acostumaram-se a clausuras do sutiã e da roupa. Quase mofaram. Decidiram, então, escancarar-se. Para arejar. Para viver face a face com o Grande Artesão dos seios. Agora, as roupas têm novos formatos de janela... De repente, um dia, as janelas das casas serão instaladas no teto. Tem nobreza. Os céus serão mais acessíveis a nossas óticas. Acordaremos juntamente ao acordar cósmico.
Acreditava que aquela banda – cujos integrantes eram vitrines emperiquitadas com excessos (tatuagens, piercings, cabelos voluntariamente desleixados...) não tinha espaço a um quarto livre, a uma casa aconchegante. Achava eu que aquela banda era um quarto mofado repleto de vaidades mortas e dizia, com aquela aparência toda sublinhada por um monte de parafernália, o que a estética deles tinha a nos dizer. Os estetas depositam na estética todas as frases, todos os gestos, todos os capítulos, todo o livro e o ponto final de suas vidinhas. Há exceções... Obviamente. Raríssimas... Obviamente.
Uma bandinha dessas em que a gente não credita fé, repleta das vaidadezinhas supérfluas, pode nos contorcer. Houve um enorme contorcionismo. Uma aula maçante de ioga no momento em que rompi meus tijolos de verdades fictícias e li uma entrevista da dita cuja.
Meus olhos entraram em processo de constrangimento. E eles, os olhos, insistem em olhar todos os chãos do Mundo. Será difícil reerguê-los.

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