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1 de junho de 2006

Empada

Insiste esta alma na intolerância à existência. Existir conforme a bússola das arquiteturas oriundas da Civilização corrompe as ginásticas da alma.
O corpo é insuficiente à liberdade do cerne. Este não pode estender-se, ficar à vontade no interior desta receita orgânica.
Casa inimaginável.
Cortiço.
Humano perante condição subumana.
Sub-Humano é Ser-Humano.
Há equívocos quanto a nomenclaturas.
Etiópia de conotações.
O Mundo Interior lamenta. Lamenta o que a carne vê e conseqüentemente o abstrato sente. Lamentos que emanam das frestas das janelas dos asilos.
Quantos crochês demando para enganá-la, Oh! Vida? Toda porção de Tempo a tapeia: as crianças empanturram-se de ficções para suportá-la, os jovens usam da hesitação como solo e se emperiquitam com modas, tatuagens, piercings, drogas, roques sem voz, sem autonomia e se enclausuram em suas depressões e se suicidam e se sentem inseguros e se rebelam contra eles próprios. Os adultos depositam o dessentido vital em excesso de trabalho, sexo previamente programado, cerveja outorgada aos finais de semana... Velhos... Inevitavelmente se inclinam a tricôs, crochês, pontos de cruz, igrejas e mais igrejas e mais religiões abundantes. Querem um carinho ao serem concluídos e exterminados pelo Tempo; talvez seja por isso que enveredam às máximas de Jesus. Desejam recomeçar a estória com o mínimo de dignidade, com solos consistentes. Temem a queda. Parece-lhes que a morte é um avião a quedar. Sensação pavorosa... Peregrinação das caretas do abstrato. Morte é o íntegro desrespeito que equivale ao viver.

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