Da boca pra fora. Minha maior pretensão. Como os decalques das projeções do humano me fazem transbordar de inveja. Tenho inveja de quem se emperiquita às segundas-feiras; tenho inveja de quem salta perante um televisor com um número maior de polegadas; tenho inveja de quem fica tranqüilo no domingo, principalmente quando se é criança.
Minha língua copula minha goela. Ventos que meu aparelho bucal importa e estende ao âmago dão-lhe (a este) um calafrio irremediável. Desconforto. A vida vitimada pela Vida. Banditismo involuntário. Não há xadrez ao frio que mata... A tudo aquilo que mutila a alma. A vítima é que fica em penitência de segurança máxima, enclausurada nos ferimentos que jorram sangue e secam... Mas, de repente, esbarram-nos em uma superfície qualquer por um descuido qualquer e o sangue retorna à mangueira possante.
Mutilam a alma. E riem. Como se a gente dominasse nossos instintos. Parece que somente as crianças seguem as setas do instinto instantâneo. Os adultos tendem à canastrice. Abstêm-se das próprias vidas em prol de um espelho. Adultos são a imagem do real, embora não o sejam.
É tudo ficção mesmo. Mas a criança é devota das mentiras, dos desentendidos, a criança faz jus à vida, à miscelânea. À medida que se cresce e que os semáforos vão sendo fincados pelas mãos de outrem, inicia-se a morte da vida. Abdicam-se da vida em prol do que o maestro ensina. O maestro é da mesma estirpe... Ele não tem didáticas. Ele não sabe de nada. Apenas batiza coisas.
Que retorne a devoção a ficções. Credito fé nessa ressurreição. Serei mais feliz... Seremos mais serenos... Empertigados morrerão de falta de ar... Imponência sucumbirá. Ruínas aos estetas. Ficção.
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