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29 de junho de 2006

Terreno Baldio

Passeio diário. Necessário. Comum a meus dias de juventude. No ínterim da velhice, se é que minhas tendências ciganas não falhem, enveredarei a programas agitados e serei pretexto a chacotas. Porque a natureza púbere é ágil, dinâmica, inquieta. E a minha puberdade é o lado avesso que não pinica. Sinto-me à vontade ao colo do sossego, da liberdade sem propulsões.
O carro agiliza as canelas e me encanta, ainda que a tecnologia me remeta a um plágio furreca, vez por outra. Mas os genéricos têm surtido bons efeitos. Os teatros têm tido boa repercussão. Fomos passear desvirginando superfícies previsíveis. Na volta, também previsível, num súbito, perscrutei, involuntariamente, o terreno que fica a uns cinqüenta metros da minha casa.
As gramas entraram em maturação rapidamente... Estão enormes, verdinhas, e aos mutirões. Transcenderam os muros que as condenam. Há até uma porta de ferro sugerindo que ali existem habitantes. Habitantes que não se contentam com a imensidão daquele terreno. Habitantes que demandam notoriedade. A porta fica fechada, mas se sabe exatamente o que se acontece naquelas dependências. A vida ali é fácil. Tão disponível quanto matérias e matérias humanas.
Morada do inanimado. Requinte de portas e muros ao inanimado. Há deuses que prescindem dos agasalhos humanos: as gramas o são. E deuses que sacodem a Vida moribundos desde os primeiros segundos de exposição à aragem precisam da dignidade de civilização para sobreviver. Quantas gerações de vidas quaisquer devem ter sido extirpadas? Penso fixamente nisso. O deus – homem é sim muito potente. Sabe sustentar seus fortes instintos de sobrevivência através de uma fila de adventos.
Casaco, sapato, portas, janelas, temperaturas-dentaduras, dentaduras, telhados, casas, linguagens...

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