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20 de junho de 2006

Kama Sutra

Os parâmetros inquietaram-se. Bateram suas pesadas pernas e rebelaram-se contra eles mesmos. Genocídio de padrões. Tapete vermelho a postos do Atípico. De sua tão rara aparição.
Laila decidira sair ao sábado com sua irmã Cláudia para irem a um show de rock n´roll. A proposta de se extravasar jamais se projeta exclusivamente na causa da diversão. O show de rock n´roll era decalque a um grande prazer. O show, simplesmente. Mas, a platéia era inferior à quantidade dos dedos das mãos.
As bocas e bocas explanam, impensadamente, que uma boa companhia priva-se de um bom lugar. Tudo bem. Um novelo bicolor pode se entrosar legal sobre um chão de terras áridas, sobre um solo infértil. Mas, quando a relação dos consangüíneos vai às ruas, deseja-se, amiúde, impelir novos ares.
Os vendavais da consangüinidade são previsíveis. O Novo é sempre farejado pela estirpe humana. A bandinha possuía todos os trejeitos do sucesso, do valioso. Mas, o “pub” estava Saara. Não havia a quem se olhar, por quem se encantar, com quem conversar.
Laila e Cláudia decidiram fechar a conta e, num surto de aptidões, trocaram o roque pelo sertanejo. Laila tinha ojeriza às músicas desse estilo... Uma ou outra lhe era saudável. Mas, estava tudo bem. O público sertanejo – pertencente a um nicho sócio-cultural diferente das irmãs – era menos pudico; era mais discípulo da Natureza. Ao contrário dos estereotipados roqueiros.
Num vaivém de agudos, rebolados, gentes e mais gentes surge, à frente de Laila, dois brutamontes: maltratados pelo Tempo e pela própria nascença. Brutamontes evidentes e interiores. Falaram à mocinha (magrinha, discreta, sutil e tênue; muito tênue):
- Poxa! Imagina essa mulher na cama!
Laila – autêntica sem surpresas – respondeu-lhes:
-Não agüento nem meia masturbação, meus amigos (luzes e luzes de ironia a esse vocativo).
Como a majoritária espécie humana masculina trajada do Falo é carnívora, Cosmos.

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