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24 de junho de 2006

Van Gogh

As janelas, à noite, que me são contemporâneas, acalentam minha solidão. Solidões aos mutirões, devotas do Nada. Respeitam, pincelando no embaçar, o Nada. Uma solidão agregada a outras solidões culmina num triste e estendido solitário padrão.
Abro a janela de vidro... Entrego minha face à aragem que se excita com as frestas da janela de madeira. Numa fatal decisão ajo e escancaro as árvores talhadas em janelas. E espio a ambiência. Vejo um edifício que, neste instante, provavelmente simula mortes. Uma janela de banheiro mantém-se acesa. Talvez para clarear indiretamente o quarto... Talvez para acolher um incômodo orgânico do morador.
Tudo está provisoriamente morto. Os homens morrem para ter fôlego ao desenrolar do tapete amanhã. As cores... Houve um genocídio oriundo da negritude dos céus que as matou. Lei do recolhimento. A Natureza flui com seu pedantismo inerente... E eu não compactuo com o Nazismo. Por isso morro paulatinamente.
Sinto o esfarelar da ossada... Diminuo as medidas... E a alma enclausura-se em um pequeno quadrado de ar viciado.
Acabo por trocar os desenhos de um único sentido.

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