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12 de junho de 2006

Marravilha

Meu coração se eriça com a Língua Portuguesa. Desde o momento incipiente em que tive contato com as vogais, com as consoantes, com o casamento das vogais – casam-se inúmeras vezes; vogais carnívoras, despudoradas na pior das conotações; gostei das miscelâneas consonantais.
Dei-me bem, muito bem com a musicalidade, com o desenho, com os utópicos sentidos das palavras. Palavras. Minha tábua de salvação... Meu melhor escapismo perante a vida feita unicamente de escapismos. O tempo todo a gente está correndo do que nos foi concedido. Sem medos; sem pressas... Naturalmente, sem se saber por quê. Corre, moço. Corre, moça. Corre, criança. Vamos tapear esta tontura, esta enorme tontura que é se viver.
O contorcionismo da Língua emanada pelos brasileiros me arrepia. Poros em um grande pronunciamento; alma concentrada. Integralmente concentrada, concentrada em uma emoção valiosa, aprovada pelos côncavos da consciência. Paixão pelo Mundo de sentidos, da representação dos dessentidos, pelas grafias, pelo Português bem dito, pelo maldito. Que fere, que goza, que dissimula, que é a esteira por onde os devaneios se manifestam.
Não domino sequer o verbo tcho bi. Acho que os traumas das minhas aulas de inglês me pousaram numa conexão de ojerizas a esse idioma que já é o que rege as salivas. Todo mundo fala inglês. Ainda que com a musicalidade do português. É, porque há os que falam o portuglês, ou seja, com a mesma entonação e musicalidade típicas da Língua Portuguesa explanam o inglês... Mas há aqueles que incorporam o gringo, a ginga, a dança do inglês. Que lindo. Que iogue fantástico. Parabéns a vocês que se travestem do outro. Da outra América.
O idioma que me comove... Ainda que eu não domine sua semântica, é o francês. Não sei o que querem dizer com aqueles trejeitos de passarinho, mas, poxa! A valsa dos franceses me sugere um processo inacabado, mas empenhado, repleto de boas promessas. Parece-me que as frases ficam com pendências a resolver, mas elas já estão concluídas. Isso é meio onda de mar, num jogo lúdico com quem perscruta as flexões das águas. Elas sugerem um movimento estendido, mas nos enganam. Ficam contidas a uma distância de nossos pés.
Francês. Sua etimologia foi inspirada nas lambadas dos Oceanos. No sexo dos mares com a quentura das areias. Muito lindo, muito Deus. Obviamente um Deus embaçado pelas respirações dos humanos.

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